DOI: 10.5281/zenodo.7449544

 

Sidinei Eduardo Batista

Professor do Departamento de Letras Português-Inglês da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus de Pato Branco. E-mail: sidineibatista@professores.utfpr.edu.br

 

Felipe Eduardo Canuto Bonini

  Acadêmico do curso de Letras Inglês da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: ra113025@uem.br

 

RESUMO: Wolfgang Iser em seu livro O Ato da Leitura (1966) afirma que o “repertório designa o material selecionado pelo qual o texto é relacionado aos sistemas de seu ambiente, e que estes, em princípio, são sistemas da vida social e sistemas da literatura do passado”. Nessa seara, as normas contidas e as referências literárias situam o horizonte textual, que constitui um contexto específico de referências, a partir do qual o sistema de equivalências do texto deve ser criado. Iser afirma que a concretização dessa equivalência virtual do repertório necessita de uma organização produzida pelas estratégias textuais e que suas tarefas têm objetivos diferentes. Desse modo, as estratégias precisam esboçar as relações entre os elementos do repertório, estabelecendo as possibilidades de combinação de elementos que são necessárias para a produção da equivalência. Essas possibilidades devem criar relações entre o contexto de referência do repertório e o leitor do texto, que deve atualizar o sistema de equivalência. Nesse sentido, as estratégias organizam tanto o material do texto como suas condições comunicativas. É importante destacar que essas condições não podem ser confundidas com a representação e nem com os efeitos do texto, mas sucedem em um momento anterior àquele em que esses termos podem ser relevantes. A organização do repertório imanente ao texto, com efeito, coincide com o a iniciação dos atos de compreensão do leitor. Para Iser, quando elas são dispensadas, evidencia-se o modo como as estratégias regulam a organização dos elementos do repertório no texto e asseguram as condições de recepção. Iser orienta essa indicação nos atos de fala; portanto, devemos levar em conta que as estratégias não apenas organizam o contexto de referência do repertório e esboçam a sua compreensão. Antes disso, elas preenchem aquela função que no modelo do diálogo dos atos da fala são chamadas de accepted procedures. A partir da noção de Modelo Histórico-Funcional da Literatura, exposto por Iser, este trabalho tem por objetivo observar aspectos relacionados ao modo como as estratégias do texto conduzem o leitor a um determinado horizonte de expectativa dentro do texto literário. Seguindo as premissas apontadas neste resumo, pretendemos observar como é que a partir de um determinado repertório, um leitor pode se sentir seduzido à leitura de um livro. Objetivamente, pretendemos fazer um breve apanhado sobre a Estética da Recepção e sobre a Teoria do Efeito, ao mesmo tempo em que realizaremos alguns apontamentos sobre o romance A Santa do Cabaré, Cordel Pós-Moderno de Amor e Morte de Moacir Japiassu, que em seu título oferece um horizonte de expectativa ao se intitular como um romance pós-moderno.

Palavras-chave: Leitor. Leitura. Literatura. Horizonte de expectativa. Modernidade X Pós-modernidade.