DOI: 10.5281/zenodo.8233676

 

Fernando Antônio Ferreira de Souza

Professor da Universidade Federal do Ceará-Campus Sobral, Doutor em Etnomusicologia, e-mail: fernando.souza@ufc.br / fernandosoul@gmail.com

 

RESUMO

Sob conceito impreciso, mesmo para profissionais da área, o termo forró revela um complexo de valores que, em sua pluralidade, remete a desencontros diversos acerca de sua origem, conceito e categorização, impactando nos modos criativos de sua produção artística e cultural. A nebulosidade que gira em torno de seu uso e aplicabilidade revela o paradoxo de que mesmo pouco se sabendo acerca do forró ele seja um marcador da identidade nordestina. A partir das vozes de músicos atuantes na produção musical do Nordeste, este artigo busca abrir linhas de discussão sobre o forró enquanto fenômeno expressivo apropriado para construção de retóricas político-epistêmicas que historicamente operacionalizaram perspectivas da modernidade, e sua reprodutibilidade em arenas onde figuram a educação e a consciência de identidade cultural nordestina em planos locais, glocais e globais. A etnomusicologia dialógica emergiu como metodologia reflexiva na medida em que as narrativas revelavam desdobramentos e consequências de ordem econômicas, sociais, políticas e éticas herdadas do colonialismo, a partir do que se fez necessário compreender o pensamento crítico do forró sob uma abordagem decolonial (QUIJANO 2005). Esta aproximação, indutivamente guiada por cruzamento de experiências com a cultura do forró, teve por base o recurso da colaboratividade emergente de relações de confiança articuladas pela observação participante com músicos, arranjadores, compositores e produtores musicais.

Palavras-chave: Música do Nordeste Brasileiro. O Forró. Pensamento Decolonial. Forros São-tomenses. Etnomusicologia Dialógica.