Fernando Antônio Ferreira de Souza
Professor da Universidade
Federal do Ceará-Campus Sobral, Doutor em Etnomusicologia, e-mail: fernando.souza@ufc.br / fernandosoul@gmail.com
RESUMO
Sob
conceito impreciso, mesmo para profissionais da área, o termo forró revela um
complexo de valores que, em sua pluralidade, remete a desencontros diversos
acerca de sua origem, conceito e categorização, impactando nos modos criativos
de sua produção artística e cultural. A nebulosidade que gira em torno de seu
uso e aplicabilidade revela o paradoxo de que mesmo pouco se sabendo acerca do
forró ele seja um marcador da identidade nordestina. A partir das vozes de
músicos atuantes na produção musical do Nordeste, este artigo busca abrir
linhas de discussão sobre o forró enquanto fenômeno expressivo apropriado para
construção de retóricas político-epistêmicas que historicamente
operacionalizaram perspectivas da modernidade, e sua reprodutibilidade em
arenas onde figuram a educação e a consciência de identidade cultural
nordestina em planos locais, glocais e globais. A etnomusicologia dialógica
emergiu como metodologia reflexiva na medida em que as narrativas revelavam
desdobramentos e consequências de ordem econômicas, sociais, políticas e éticas
herdadas do colonialismo, a partir do que se fez necessário compreender o
pensamento crítico do forró sob uma abordagem decolonial (QUIJANO 2005). Esta
aproximação, indutivamente guiada por cruzamento de experiências com a cultura
do forró, teve por base o recurso da colaboratividade emergente de relações de
confiança articuladas pela observação participante com músicos, arranjadores,
compositores e produtores musicais.
Palavras-chave: Música do Nordeste Brasileiro. O Forró. Pensamento Decolonial. Forros São-tomenses. Etnomusicologia Dialógica.